Moda sustentável: um novo olhar sobre consumo, criação e propósito
Falar de moda sustentável hoje é falar de estilo com propósito. Não se trata apenas de escolher uma roupa bonita, mas de repensar todo o ciclo: da criação ao consumo, do tecido ao descarte.
Neste post, vamos além do discurso. Vem entender o que realmente significa moda sustentável, conhecer marcas que estão fazendo a diferença e descobrir como adotar escolhas mais conscientes sem perder o toque fashionista.
O que é moda sustentável?
Afinal, o que é moda sustentável? É enxergar além da peça de roupa e considerar todo o seu impacto: do tecido à produção, das pessoas envolvidas até o descarte. A ideia é simples e poderosa: unir estilo, responsabilidade e propósito.
Mais do que uma tendência, trata-se de um movimento que questiona a lógica da moda descartável e propõe novos caminhos.
Isso envolve pensar no ciclo de vida das roupas, buscar alternativas de menor impacto ambiental e, ao mesmo tempo, garantir que as relações de trabalho sejam mais justas e transparentes.
Dentro desse guarda-chuva, existem conceitos próximos que vale diferenciar:
- Moda ética: foca nas condições de trabalho e no respeito aos direitos humanos em toda a cadeia produtiva.
- Moda ecológica: prioriza o impacto ambiental, buscando reduzir poluição, uso de químicos e consumo excessivo de água e energia.
- Moda vegana: exclui totalmente o uso de matérias-primas de origem animal, como couro, lã ou seda.
A moda sustentável, portanto, é uma visão mais ampla que integra todos esses aspectos: pensar em tecidos reciclados ou orgânicos, valorizar o trabalho justo e escolher peças que durem muito além de uma estação.
Por que a relação entre moda e sustentabilidade é essencial?
Já parou para pensar no que acontece antes e depois daquela peça que chega ao seu guarda-roupa? Pois é: a moda que usamos todos os dias tem um impacto muito maior do que imaginamos.
Alguns números nos ajudam a dimensionar esse impacto:
- Água: só para produzir um único jeans são usados cerca de 3.800 litros de água. Isso é suficiente para hidratar uma pessoa por mais de cinco anos, segundo a ONU Meio Ambiente.
Emissões de carbono: em 2023, a indústria da moda lançou 944 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, o que representa quase 2% das emissões globais, de acordo com o Apparel Impact Institute.
Descarte: todo ano, mais de 120 milhões de toneladas de roupas são descartadas no mundo. Desse total, 80% vai direto para aterros ou incineração, e menos de 1% vira fibra reciclada (BCG, 2025).
E não para por aí. O modelo do fast fashion ainda pressiona trabalhadores em países em desenvolvimento, com jornadas longas, salários baixos e condições precárias.
Ao mesmo tempo, estimula o consumo acelerado, criando a lógica do “usar e descartar” que já virou regra em muitas coleções.
Qual é o cenário da moda sustentável no Brasil?
A moda sustentável já faz parte da conversa no Brasil. Cada vez mais consumidores querem saber de onde vêm suas roupas e qual impacto elas deixam no planeta. E os números confirmam essa mudança:
- 87,5% dos brasileiros preferem marcas com práticas sustentáveis, como uso de tecidos responsáveis e processos transparentes, segundo a CNN Brasil.
- 89,1% já doam as roupas que não usam mais, fortalecendo a economia circular e dando nova vida às peças.
Ou seja: existe um interesse real em vestir com mais propósito. E o mais interessante é que o mercado brasileiro já oferece opções, desde grifes renomadas a novas marcas independentes que unem design, qualidade e responsabilidade.
A moda sustentável no Brasil está ganhando força, e esse movimento só tende a crescer.
Tecidos sustentáveis: inovação e responsabilidade no vestir
Tudo começa na escolha do tecido. Afinal, a matéria-prima define não só o caimento e a durabilidade da peça, mas também o impacto que ela vai deixar no planeta.
Tecidos sustentáveis são aqueles pensados para reduzir danos ambientais e sociais, priorizando menor uso de água, menos químicos e processos mais justos.
Aqui estão alguns dos principais materiais que vêm ganhando espaço nas roupas e até nos acessórios sustentáveis:
- Algodão orgânico: cultivado sem pesticidas nem fertilizantes químicos, reduz em até 91% o uso de água em comparação com o algodão convencional.
- Linho: uma das fibras mais antigas do mundo, precisa de pouca irrigação e quase nenhum agrotóxico. O resultado é um tecido leve, resistente e naturalmente sustentável.
- Cânhamo: cresce rápido, melhora a qualidade do solo e praticamente dispensa agrotóxicos. Além disso, é super durável, o que prolonga a vida útil das peças.
- Materiais reciclados: o poliéster reciclado, feito de garrafas PET, e o nylon reciclado, produzido a partir de redes de pesca, mostram como o descarte pode virar matéria-prima novamente.
- Fibras de baixo impacto: tecidos como o Tencel (feito a partir de madeira de reflorestamento) e o Modal (produzido com polpa de madeira certificada) combinam suavidade, durabilidade e alta biodegradabilidade.
Já os tecidos sintéticos comuns, como poliéster virgem e viscose tradicional, continuam sendo um desafio, já que demandam alta carga química e ainda liberam microplásticos na lavagem.
No fim, optar por roupas sustentáveis é também apoiar um ciclo mais responsável: peças que duram, poluem menos e trazem inovação sem abrir mão de estilo.
Consumo consciente na moda: saiba como fazer escolhas sustentáveis
Falar em consumo consciente na moda não significa abrir mão do estilo. É, na verdade, mudar a forma como nos relacionamos com as roupas. Isso começa com pequenas escolhas no dia a dia que vão além do tecido.
Veja algumas atitudes práticas que podem ajudar:
Compre menos, mas melhor
O termo fast fashion já não é novidade, mas ganhou mais força nos últimos anos com o avanço do chamado ultra fast fashion.
Grandes e-commerces desse segmento passaram a produzir mais de 10 mil peças novas por dia, apoiadas em inteligência artificial para prever tendências em tempo real.
O resultado são roupas baratas, descartáveis e feitas para viralizar nas redes sociais, principalmente entre a Geração Z.
Ao invés de acumular peças baratas que duram pouco, invista em roupas de qualidade, feitas para atravessar estações.
Prolongue a vida útil das suas roupas
Cuidar bem das peças faz toda a diferença. Lavar com menos frequência, reparar costuras, customizar modelos e doar aquilo que não usa mais são gestos simples que evitam o descarte precoce.
Além disso, criar uma relação mais afetiva com o que você veste ajuda a frear o impulso de comprar sempre algo novo.
Quando uma peça conta história, seja por ter sido reformada, herdada ou adaptada ao seu estilo, ganha valor emocional e se mantém no guarda-roupa por muito mais tempo.
Priorize marcas transparentes
Pesquise sobre como e onde as peças são produzidas. Selos como Fair Trade, ABVTEX, dado pela Associação Brasileira do Varejo Têxtil e ABR – Algodão Brasileiro Responsável, ajudam a identificar empresas comprometidas com práticas mais limpas e éticas.
No fim, ser mais consciente também é ter estilo com propósito. Cada escolha, desde a compra até o cuidado, ajuda a reduzir o impacto da moda e a construir um guarda-roupa que realmente reflete valores e personalidade.
Marcas de moda sustentáveis: conheça a iniciativa Change2gether
Quando falamos em marcas de moda sustentáveis, não estamos falando de um movimento isolado, mas de uma mudança coletiva.
Foi com esse olhar que nasceu o Change2gether, iniciativa do Shop2gether que conecta estilo e responsabilidade socioambiental em toda a jornada de compra: da curadoria das marcas até o ciclo de vida das peças no seu closet.
Dentro desse hub, o Shop2gether reúne nomes que traduzem o compromisso com inovação, transparência e impacto positivo.
Algumas das marcas que fazem parte do movimento são:
- Mercer: marca de sneakers que nasceu com a missão de unir design retrô-cool a inovação sustentável. Os modelos utilizam insumos como abacaxi, cactus, algas marinhas e até plástico retirado dos oceanos, provando que estilo também pode regenerar.
- Veja: antes chamada Vert no Brasil, é símbolo global do sneaker sustentável. A marca franco-brasileira alia design parisiense a matérias-primas nacionais e processos mais conscientes.
- Ganni: direto da cena fashion dinamarquesa, aposta em autenticidade e transparência. Não se rotula como “100% sustentável”, mas lidera discussões sobre responsabilidade na moda com relatórios anuais e metas reais de impacto.
- Aluf: a marca aposta em tingimentos naturais, fibras orgânicas e matérias-primas brasileiras, como sementes de açaí. O resultado são peças sofisticadas, cheias de textura e volume.
- Osklen: une design urbano a materiais como algodão orgânico, cânhamo e solados reciclados. Além de reduzir impacto ambiental, a marca fortalece comunidades locais com produção ética e inovadora.
- Pacco: lifestyle moderno e versátil que combina bem-estar, energia positiva e responsabilidade socioambiental. Tem acessórios para acompanhar sua rotina, sem perder de vista o impacto no planeta.
- Cariuma: conhecida pelo conforto e estética cool dos sneakers, tem como diferencial a produção de baixo impacto e o projeto que planta duas árvores no Brasil a cada par vendido. Um exemplo de design aliado a reflorestamento.
- Suntime: beachwear consciente que valoriza corpos reais e singulares. Suas coleções exploram técnicas de upcycling e peças esculturais que celebram diversidade e estilo à beira-mar.
- Pantys: pioneira em lingerie funcional, apresenta calcinhas absorventes sustentáveis alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e às métricas do Sistema B. Moda íntima que une inovação e impacto positivo.
- Aya Pitaya: acessórios práticos e cheios de personalidade. Suas alças de celular são feitas com matéria-prima 100% reciclável, trazendo design brasileiro a peças duráveis que acompanham a rotina sem pesar no planeta.
Com o Change2gether, o Shop2gether mostra que é possível consumir moda com propósito, estilo e consciência, celebrando marcas que acreditam em um futuro mais responsável para o setor.
A moda sustentável surge como esse novo olhar: capaz de unir estilo, inovação e consciência em cada escolha, do tecido ao descarte, do consumo ao reuso.
Explore o Journal Shop2gether e conheça novas histórias, tendências e marcas que estão redesenhando a forma de viver a moda.